segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

A Maternidade Que Não Cabe no Feed Entre o esgotamento invisível, a fé que sustenta e a mãe que ninguém vê

O final do ano chega sempre com uma promessa implícita de descanso, balanço e recomeço.

Mas para muitas mães — especialmente mães atípicas — ele chega como mais uma maratona.

É quando o corpo pede silêncio, a alma pede colo e a agenda responde com compromissos, expectativas e obrigações.
É quando todos falam de gratidão, mas poucas pessoas perguntam: “E você, como está?”

Porque a mãe, quase sempre, está ocupada demais sendo tudo.

Ela é mãe.
É profissional.
É dona de casa.
É esposa.
É mulher.
É amante (quando sobra energia).
É serva de Deus (mesmo quando está cansada de ser forte).

E, no meio disso tudo, precisa ser inabalável.

A maternidade atípica e o apagamento silencioso

Quando se é mãe atípica, o mundo aprende a olhar para a criança — e isso é justo.
Mas, aos poucos, esse olhar se torna exclusivo.

Todos querem saber:

  • Como está a criança

  • Se houve evolução

  • Se a terapia deu resultado

  • Se o comportamento melhorou

Poucos querem saber:

  • Se a mãe dormiu

  • Se ela chorou escondido

  • Se ela teve medo

  • Se ela ainda se reconhece no espelho

Aos poucos, a mulher vira bastidor.
A mãe vira função.
O ser humano vira resistência.

E ninguém percebe o peso de carregar um amor que exige vigilância constante, decisões difíceis, renúncias diárias e uma força que não se escolhe — apenas se exerce.

O cansaço que não aparece nas fotos

Existe um tipo de esgotamento que não melhora com uma noite de sono.
Ele mora no corpo, mas nasce na alma.

É o cansaço de explicar.
De justificar.
De lutar.
De sustentar esperanças quando o coração está cansado de ser valente.

É o cansaço de ser vista como “forte”, quando tudo o que se queria era ser cuidada por cinco minutos sem precisar pedir.

E, sim… às vezes dá vontade de fugir.
Não no sentido literal — mas naquele desejo silencioso de desaparecer do radar do mundo, nem que seja por um instante.

Sumir do barulho.
Sumir das cobranças.
Sumir das expectativas.

(E claro… levar a criança e o cachorro juntos, porque o amor nunca tira férias.)

O humor que salva, a fé que sustenta

Entre uma lágrima e outra, a gente aprende a rir.
Às vezes de nervoso.
Às vezes por sobrevivência.

Porque rir também é um ato de fé.

E a fé — essa que não aparece em frases prontas — é o que mantém a mãe em pé quando ninguém está olhando.
É ela que segura a mão trêmula.
Que sustenta o “vai dar certo” mesmo sem provas.
Que ensina que ser forte não é não cair — é levantar cansada mesmo.

Que no próximo ano a mãe também seja vista

Que o próximo ano traga mais do que metas.
Que traga olhar humano.

Que alguém pergunte:

“Como você está de verdade?”

Que a mãe não seja apenas lembrada quando precisa ser forte, mas quando precisa ser acolhida.

Porque antes de ser tudo para alguém, ela é alguém.

E isso — só isso — já deveria ser suficiente para que fosse cuidada também.

A Maternidade Que Não Cabe no Feed Entre o esgotamento invisível, a fé que sustenta e a mãe que ninguém vê

O final do ano chega sempre com uma promessa implícita de descanso, balanço e recomeço. Mas para muitas mães — especialmente mães atípicas ...