Nossa experiência primária com nossos pais tem um profundo efeito sobre nossas vidas, moldando a auto-imagem, atitudes, humores e comportamento. Desenvolvemos estratégias de sobrevivência e orientações de vida como resultado de nosso condicionamento. Não somente somos incapazes de reconhecer ou admitir os erros ou abuso de nossos pais, como imitamos seus erros e inadequações (atitudes, humores e comportamentos) a fim de sermos aceitos por eles.
Mais do que meramente representar papéis, os pais são tudo para as crianças pequenas, manifestando-se de maneira tão ampla como até se mostrarem aparentemente bons. Quando crianças, nós nos identificamos completamente com nossos pais. Mas pais são somente humanos, com padrões de comportamentos negativos assim como positivos. Quantas vezes você já pensou ou disse: -“Eu me pareço exatamente como meu pai”. “Meu Deus, estou ficando igualzinha a minha mãe”. “Minha Mãe (e / ou Pai) costumava fazer isto. Eu odiava quando ela fazia e agora estou fazendo também”.
É claro, não somos nossos pais, mas o que então impulsiona a poderosa compulsão inconsciente para sermos como eles? O primitivo, mas inocente intento de acabar com o senso de separação deles que experimentamos quando crianças, quando eles estavam sendo negativos. Isto ocorreu inconscientemente. Não sabendo nada melhor, espontaneamente adotamos os padrões negativos deles como nossos próprios, para ganharmos o amor deles.
A SÍNDROME DO AMOR NEGATIVO É A ADOÇAO DOS COMPORTAMENTOS, HUMORES, ATITUDES E ADMOESTAÇOES NEGATIVAS (ABERTAS OU ENCOBERTAS) DE NOSSOS PAIS PARA NOS ASSEGURAR DO AMOR DELES. ISTO INCLUI A SUBSEQÜENTE MANIFESTAÇÃO OU REBELIÃO COMPULSIVA CONTRA ESTES TRAÇOS NEGATIVOS, DO INÍCIO ATÉ O FIM DE NOSSAS VIDAS DE ADULTOS.
Na infância, competimos, adotamos e internalizamos (introjetamos) os comportamentos, humores e atitudes negativas de nossos pais para sermos como eles, desse modo eles nos aceitariam e amariam. Em um ensaio sobre o Processo da Quadrinidade, o notável autor e psiquiatra Claudio Naranjo escreveu:
“A idéia de Hoffman de que a criança adota os traços dos pais a fim de ser amada … [tanto] admite a necessidade de amor como a origem básica da identificação, [quanto] sugere a hipótese, na mente da criança, de que se ela fosse como seus pais, obteria o amor que ela não está experimentando sendo meramente ela mesma”. (Naranjo, 7).
Mais tarde, em nossas vidas de adulto continuamos compulsivamente a utilizar padrões negativos da infância numa contínua tentativa de sermos amados. Ainda que saibamos que há alternativas para nossas negatividades e ainda que reconheçamos em algum nível que estes comportamentos não podem nos trazer felicidade, continuamos a utilizá-los. Os padrões do amor negativo, ainda que inconscientemente motivados por nossa profunda necessidade de amor, produzem alienação e / ou rejeição Então, quando nossos comportamentos negativos não produzem o amor que desejamos e necessitamos, culpamos os outros e nos tornamos vingativos. Com efeito, queremos desforra por não sermos amados e aceitos e, assim, tornamo-nos ainda mais magoados diante de nós mesmo e dos outros. Isto nos leva ao remorso, culpa e vergonha que reforçam a crença de que somos essencialmente defeituosos. No devido tempo, nossos próprios filhos adotam nossos padrões a fim de se assegurarem de nosso amor e a Síndrome do Amor Negativo é legada à geração seguinte.
Ao vivenciarmos estas negatividades adotadas, obscurecemos nossa inata essência verdadeiramente amorosa, da mesma forma como nossos pais fizeram. Para a transformação acontecer, primeiro devemos nos tornar conscientes dos aspectos negativos de nossas vidas. Somente então a saída se torna realmente possível. A chave é a consciência de que adotamos os traços negativos de nossos pais. Qualquer coisa adotada também pode ser liberada. O Processo Hoffman da Quadrinidade nos ensina como soltar e solucionar os persistentes sentimentos negativos de não sermos amados e de nos sentirmos indignos de ser amados. A saída é uma tarefa desalentadora: temos, de alguma forma, de transcender os traços negativos de nossos pais sem sentir conflito interno. Para conseguir isto devemos ter coragem para um honesto auto-exame e aceitar este desafio de todo o coração. – por Bob Hoffman.
- Em O Desvendar do Amor: Processo Hoffman da Quadrinidade, ed Pensamento/Cultrix.
Fonte: http://deprogramacao.com.br/2010/09/01/amor-negativo-bob-hoffman/
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